Metodologia de Trabalho

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Entrevista Parreira - Metodologias de treinamento
Como você analisa as diferentes metodologias de treinamento ao redor do mundo? A metodologia brasileira está em um nível avançado ou não?




O esquema tático: o losango da linha média
Como a equipe se comportará nos diferentes momentos do jogo? Confira exemplos práticos de três atividades
A discussão sobre o esquema tático e a dinâmica de posicionamento dos jogadores, com a linha do meio-campo.
No 1-4-4-2, no 1-3-4-3, no 1-5-4-1 ou em outro esquema com quatro jogadores na linha média, posso adotar algumas dinâmicas de posicionamento. No Brasil, o mais popular deles é o “quadrado” onde se joga com dois volantes e dois meias. Em nosso futebol é comum observarmos também o “losango” no meio, onde se joga ou com três volantes e um meia (mais comum) ou com um volante e três meias. Na Europa é comum observarmos os jogadores dispostos em linha no meio-campo.
Esses são posicionamentos básicos, contudo cada um deles influencia em toda a organização da equipe. Vejam que no posicionamento em “linha” tem um bom equilíbrio horizontal, mas pode se ter dificuldades para marcar em bloco alto. Já no “quadrado” não se tem um bom equilíbrio na linha média, mas se pode pressionar mais a frente. No “losango” há um equilíbrio maior entre a ocupação em largura e em profundidade da linha média, mas há chance de ter dificuldades quando a bola entra nas costas dos meias/volantes das laterais. Esses são apenas pontos básicos que devem ser observados em cada uma das formações.
Volto a destacar que o esquema tático por si só não pode ser a única referência da equipe – ele deve se integrar sinergicamente com os demais conteúdos do Modelo de Jogo da mesma.
Como as implicações são quase que infinitas nas diferentes disposições dos jogadores na linha média, vamos nos focar agora no “losango”.
O intuito aqui não é esgotar as possibilidades nem as discussões sobre tal posicionamento, mas mostrar como ele pode ser definido e treinado na prática.
Então, vamos lá:
No Modelo de Jogo de uma equipe hipotética, o treinador definiu que a mesma estruturaria sua linha média no losango. Na organização defensiva, os jogadores desta linha deveriam se posicionar em zona fechando a região central do losango e direcionando o adversário para as laterais do campo a fim de recuperar a bola nesses espaços.

Na transição ofensiva, os jogadores dessa linha devem se deslocar rápido a fim de tornar o campo grande para a equipe. O jogador mais avançado do losango tem a missão de criar rápido uma linha de passe para frente para o jogador que recuperou a bola – se ele foi este jogador, deve buscar progredir no campo de jogo ou buscar um passe em profundidade para os atacantes.


No momento ofensivo, os jogadores da linha do meio devem estar dispostos de uma forma equilibrada tanto horizontal como verticalmente, e os meios/volantes das laterais do losango devem jogar cada um em sua metade do campo, podendo haver trocas. O volante menos adiantado deve se posicionar fazendo o balanço da jogada e o meia ofensivo deve sempre criar linha de passe em progressão para seus companheiros.


Na transição defensiva, os jogadores devem recompor atrás da linha do meio e fechar os espaços evitando a progressão da equipe adversária.


Definida a forma como a equipe se comportará nos diferentes momentos do jogo quando a ocupação do espaço em relação ao esquema tático for necessária, vamos ao treino.
Apresento abaixo, como de costume, três atividades práticas para o desenvolvimento da dinâmica da linha média em losango da equipe hipotética em questão.
Atividade 1

Descrição

- Atividade de 4 X 5, em que o objetivo da equipe composta por quatro jogadores é, sem bola, proteger o meio e, com bola, buscar um passe rápido para fora do quadrado. Já a equipe composta por cinco jogadores deve buscar, com bola, um passe na região central do campo e, sem bola, deve pressionar o adversário.

Regras e Pontuação

Equipe amarela
- Marca um ponto se algum jogador de sua equipe receber um passe após a linha tracejada (fora do quadrado).

Equipe azul
- Marca um ponto se fizer um passe para o jogador dentro do losango menor, na região central do campo.

Atividade 2

Descrição
- Atividade de 4 X 5 + Coringa , em que o objetivo da equipe composta por quatro jogadores, sem bola é proteger os golzinhos e recuperar a bola nas laterais do campo; e, com bola, fazer um passe para um jogador a frente da linha tracejada. A equipe composta por cinco jogadores faz o gol nos golzinhos e deve impedir a progressão do adversário. Coringa joga para a equipe que está com a posse de bola.

Regras e Pontuação

Equipe amarela
- 1 ponto quando recuperar a bola nas laterais do campo.
- 1 ponto quando fizer o passe para um jogador a frente da linha tracejada vermelha.

Equipe Azul
- 1 ponto quando fizer o gol nos golzinhos.

Atividade 3

Descrição
- Atividade de 8 X 11, em que o objetivo da equipe da defesa é proteger os golzinhos, recuperar a bola nas laterais do campo e, com bola, deve passar com a bola dominada ou fazer um passe para um jogador a frente da linha tracejada. Equipe que ataca pode fazer o gol nos golzinhos ou no gol oficial; sem bola, deve impedir a progressão do adversário.

Regras e Pontuação

Equipe amarela
- 1 ponto quando recuperar a bola nas laterais do campo.
- 2 pontos se passar com a bola dominada ou fizer um passe para um jogador a frente da linha tracejada vermelha.

Equipe azul
- 1 ponto se fizer gol nos golzinhos.
- 3 pontos se fizer o gol no gol oficial

Os conteúdos se integram!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Da análise desportiva a construção do modelo de jogo
Com as informações “certas” é possível criar ambiente de treinamento adequado à complexidade das ações
“O conhecimento acerca da proficiência com que os jogadores e as equipas realizam as diferentes tarefas tem-se revelado fundamental para aferir a congruência da sua prestação em relação aos modelos de jogo e de treino preconizados”
Júlio Garganta 
Em um jogo de futebol, os acontecimentos são aleatórios e ocorrem em um ambiente altamente complexo.
Como esse esporte se tornou ao longo de sua história um fenômeno social altamente difundido e com um caráter altamente mercadológico, seu entendimento se tornou fundamental para o êxito na modalidade.
Nos últimos anos, o estudo do comportamento dos jogadores e das equipes dentro do jogo vem ganhando cada vez mais espaço.
Segundo Garganta (2001) o volume de estudos sobre o jogo a partir da observação do comportamento de equipes e jogadores aumentou consideravelmente nos últimos 30 anos e os mesmos vêm se aperfeiçoando ao longo do tempo. Os profissionais envolvidos com tal modalidade procuram analisar o jogo em busca de benefícios para incrementar seu entendimento sobre o jogo e, assim, desenvolverem a prestação esportiva de seus jogadores e equipes.
Para Hughes e Franks (1997) as informações advindas da análise dos comportamentos de jogadores e equipes são fundamentais no aprendizado e na performance esportiva por parte dos profissionais envolvidos com o futebol.
Os treinadores e investigadores estão buscando esclarecimentos acerca da performance dos jogadores e das equipes, com o intuito de identificarem padrões que elucidem o rendimento desportivo e de como os conteúdos dos modelos de jogo e treino induzem ou não a eficácia e a eficiência das equipes e dos jogadores de futebol.
Pois bem.
As definições dadas acima sobre a análise de jogo nos levam para outra esfera da observação e análise de jogo. Esses autores defendem a utilização de ferramentas de análise que nos tragam informações sobre comportamentos, padrões e modelos, e não apenas informações se “fulano” fez 40 passes com um aproveitamento de 70%.
Não é possível mais utilizar apenas tabelas com números destituídos de sentido e fragmentados do jogo para análise de uma equipe.
Para Garganta (2001) a tendência da análise desportiva é de configurar modelos de jogo a partir de análise de base de dados quantitativos e qualitativos que permitam definir táticas eficazes para a vitória.
Sendo o jogo um ambiente de elevada complexidade e aleatoriedade, faz-se necessário uma definição adequada de seus procedimentos e propósitos.
Com as informações “certas” é possível criar um ambiente de treino adequado a fim de adequar a complexidade das atividades aos níveis de conhecimento e desempenho dos atletas.
Vejam que a análise de jogo transcende os números e deve nos trazer informações sobre o jogo para que possamos potencializar nosso treino e trazer bases precisas sobre nossa equipe e os adversários.
Pensem sobre seus próprios modelos de observação e busquem entender o comportamento de suas equipes, coloquem-na no divã e façam as perguntas certas!

Para fazer mais gols!
Ação individual que implica leitura coletiva e que pode aproximar a equipe do cumprimento da lógica do jogo
Joga-se futebol para fazer mais gols que o oponente! Na busca desse objetivo, cada treinador operacionaliza o processo de treinamento de sua equipe de modo que a mesma seja mais eficaz em sua fase ofensiva. Ser eficaz no momento ofensivo do jogo significa transformar em gol a maior quantidade de ações possíveis em que houve invasão da zona de risco do adversário.
Para invadir a zona de risco do adversário, alguns preferem as bolas paradas; muitos, as jogadas pelas laterais que resultam em cruzamentos; outros, as jogadas individuais e ainda há os que preferem as jogadas pelo meio (aquelas que muitos “especialistas” afirmam nunca ser uma boa opção).
Para quaisquer das opções escolhidas, uma gama de competências táticas individuais e coletivas serão necessárias para ser cumprida a ideia do treinador.
E, analisando diferentes treinadores, o que é possível observar em algumas equipes de alto nível do futebol mundial no tocante à invasão da zona de risco do oponente?
A penetração na linha de defesa.
A penetração é uma ação tática individual que tem como conceito a ocupação do espaço, feita por algum jogador que esteja à frente da linha da bola, nas costas do defensor e que pode ser realizada em qualquer região do campo.
A penetração em questão refere-se à ocupação do espaço atrás da última linha de defensores e que ocorrerá predominantemente através dos meias e atacantes.
No plano individual, para o atleta que executa a penetração, é preciso que tenha desenvolvido o conjunto de habilidades a seguir:
• Antecipação da ação do passe em profundidade;
• Leitura do posicionamento do penúltimo defensor para não se movimentar em impedimento;
• Movimentações em diagonal nas costas dos defensores.
No plano coletivo, o atleta em posse da bola, que fará o passe para a ação de penetração do companheiro, deverá desenvolver:
• Observação de espaços vazios importantes atrás da linha de defensores;
• Percepção das características do jogador para quem faz o passe;
• O timing da ação para não fazer passe para companheiro em impedimento;
• Qualidade de passe para o ponto futuro.
Ainda no plano coletivo, além do jogador anteriormente mencionado, a leitura de outros companheiros da equipe para a ocupação do espaço deixado pelo atleta que realizou a penetração pode gerar desequilíbrios na organização defensiva adversária que, neste tipo de situação, precisa de comportamentos defensivos muito bem estabelecidos para não serem superados. Nas incertezas da interceptação do passe, no adiantamento da linha para deixar o atacante em impedimento ou na recomposição para evitar o recebimento da bola após penetração, ter mais um jogador nesta ação (devidamente posicionado) será um complicador para a ação defensiva.
Abaixo, alguns lances de penetração retirados de Barcelona, Manchester United e Real Madrid, válidos pela fase de grupos da Uefa Champions League 2011/2012.
 

 
Desenvolver essas habilidades nos jogadores demanda tempo, treinamento e conhecimento. É importante mencionar que esta não é a maneira exclusiva de chegar com qualidade à zona de risco do adversário.

É fato, porém, que chegar com qualidade nesta região privilegia os ávidos pelo bom futebol, pelo espetáculo e pelo alto nível competitivo.
E, após chegar com qualidade, talvez o número de finalizações perigosas da equipe aumente, ao contrário de simplesmente se treinar finalização.
Somente finalização, não!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Formação, o mercado europeu e a Bola de Ouro
Como preparar nossos jogadores para entender o jogo de uma maneira complexa, diante de novas culturas?
“A ambição do homem é tão grande que para satisfazer a uma vontade presente, ele não pensa no mal que dentro em breve daí pode resultar”
Henry Ford

Peço licença aos meus leitores para abordar um tema que foge um pouco do campo, mas que vejo como pertinente para nossa reflexão.
Há alguns meses venho ouvido falar sobre uma possível transferência de dois de nossos maiores craques na atualidade.
Em meio a um turbilhão de informações, alguns “especialistas da bola” alertaram sobre o fato de que outros atletas jovens saíram de nosso país como novos “Pelés” e não tiveram o mesmo sucesso lá fora.
Ouvi ainda que os jogadores obtêm destaque no Brasil, pois nosso futebol não tem um nível técnico tão elevado, fato que nos leva a um “complexo de vira lata moderno” e que o mundo inteiro vê isso, por isso que até este ano não tínhamos nenhum indicado entre os melhores jogadores do mundo ao prêmio Bola de Ouro da Fifa.
Fiz uma profunda reflexão sobre tudo isso que foi dito e gostaria de compartilhar com vocês minhas inquietações.
Primeiro, nosso jogadores passam de seis a oito anos nas categorias de base de nossos clubes. Nesse ambiente, os garotos são submetidos a inúmeras competições que reproduzem proporcionalmente as exigências do futebol profissional. Essa reprodução vai além das quatro linhas do campo e se expande para a organização, nível de cobrança, busca pelo êxito, etc.
Todo esse ambiente “forma” o jogador para atuar em nosso futebol.
Esse fato me fez pensar: como um jogador com 18 anos, que passa quase metade de sua vida na base dentro da cultura de nosso país, pode se adaptar rapidamente e obter êxito em uma cultura de futebol totalmente diferente em um país totalmente diferente?
O fato é que alguns se adaptam, sim! Mas como?
Pelo caráter continental de nosso país, temos em nossas bases jogadores de milhares de quilômetros, onde cada um deles pode ser de uma região do país, que tem seus próprios costumes, os quais são muitas vezes diferentes da cultura onde o clube tem sua sede. Muitos desses garotos têm que se “virar” longe da família e se adaptar muito cedo a uma nova realidade.
Esse fato pode ajudar nas transferências internacionais, mas é tudo?
Acredito que não!
Não tenho todas as respostas, mas acredito que devemos preparar nossos jogadores para entender o jogo de uma maneira complexa para além do modelo, de olho na parte esportiva. Já para prepará-lo para se adaptar a uma cultura totalmente diferente, é preciso um trabalho transdisciplinar, onde a vivência de outra cultura precisa existir, seja por intercâmbio, seja por oficinas, ou alguma outra estratégia (alguns clubes que tem por objetivo negociar jogadores com o exterior já fazem isso).
Outro ponto importante e que somos agentes é que nosso futebol precisa sair desse “complexo de vira lata” e assumir uma postura de vanguarda dentro do cenário mundial. Para isso não podemos apenas nos focar em trazer grandes jogadores, mas sim em buscar a excelência em todas as áreas, criando uma identidade forte e respeitada de nossos clubes lá fora!
Se fortalecermos nosso futebol, podemos ter um dia sete indicados entre os melhores jogadores do mundo à Bola de Ouro da Fifa, assim com a Espanha tem neste ano. Além disso, não ficaremos brigando tanto para manter nossos craques em nosso futebol.
Vejo nosso futebol com muita esperança e noto, dia a dia, que as coisas estão mudando, para melhor. Então, tenhamos paciência, que essa mudança não ocorrerá do dia para a noite.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Entrevista com Fred Rutten, treinador do PSV Eindhoven, da Holanda
Comandante principal da tradicional equipe europeia fala sobre aspectos de treinamento e gestão de pessoas: "Trabalhar com pessoas é uma das minhas qualidades”
Rogier Cuypers*
“O que eu exijo de mim mesmo, eu também demando dos meus jogadores”. Assim como muitos outros clubes, o PSV teve seus altos e baixos durante esta temporada. Fred Rutten se manteve calmo e não entrou em pânico como treinador. Rutten tem uma visão e ele continua a defendê-la custe o que custar. Embora ele continua focado, há algum espaço para a flexibilidade dentro dessa visão, mas ele nunca desvia de sua missão, nem mesmo quando os resultados são decepcionantes.
Dois dias antes dessa entrevista, o PSV Eindhoven havia jogado fora de casa em um triste empate sem gols contra o De Graafschap, mas Fred Rutten não se mostrou nem impressionado, nem decepcionado, e manteve-se calmo e centrado.
O ambiente com os jogadores presentes na lanchonete era descontraído e jovial. Momentos antes de eu chegar na lanchonete, um anúncio comercial foi filmado com os jogadores e eles estavam se divertindo muito - tirando sarro de si mesmos. Rutten se desculpa pela sua chegada atrasada para a entrevista, e o almoço também leva mais tempo do que esperávamos. Ele foi direto ao ponto: "se eu devo aplicar três termos que descrevem a minha perspectiva ou são importantes para mim como treinador e gerente, eu diria que: a) perfeccionista, b) desenvolvimento individual pessoal e profissional, e c) desenvolvimento. da equipe.
Eu não tinha ideia de que eu era um perfeccionista como treinador no início, mas eu sempre quis tirar o máximo dos jogadores como pessoas, e para chegar a isso você deve mirar alto”.

Perfeccionista
"O que eu exijo de mim mesmo, eu também demando dos meus jogadores. Eu sempre presto atenção aos detalhes e trabalho em um nível onde os jogadores podem jogar futebol, e também é tudo sobre a aplicação de detalhes e tornando-o mais perfeito possível. Deve ser lembrado que todos os jogadores são diferentes, e você não pode envolver todos no mesmo nível com certos aspectos; jogadores diferentes têm suas próprias qualidades. Por exemplo, no ano passado, nós trabalhamos muito com o Nodin Amrabat (que agora foi para o clube turco Kayserispor), e ele melhorou muito com o treinamento apropriado e de correção, com seu primeiro toque e controle da bola. Isto, por sua vez, levou-o a ter mais de confiança certamente para: controle de bola, manutenção da posse de bola, passes, etc. Todos esses aspectos são fundamentais para nossas estratégias de jogar em espaços reduzidos.
Ser perfeccionista pode ser difícil às vezes, pois você (como treinador) tenta transmitir seus ideais aos seus jogadores, e eu acho que ser um perfeccionista também faz você (como treinador e como jogador) mais crítico, mas é preciso avaliar quão duro você está sendo com os comentários regulares aos jogadores”.

Desenvolvimento individual pessoal e profissional
"Se você pode melhorar o indivíduo, toda a equipe pode se beneficiar, já que o desenvolvimento do jogador e da equipe são evidentemente inter-relacionados.
É importante perceber as diferentes perspectivas de aprendizagem de seus jovens jogadores em contraste com os de 27 ou 28 anos de idade, em que todos os aspectos de maturidade dos jogadores são diferentes, bem como suas motivações e perspectivas gerais. Com uma completa abordagem holística, é necessário considerar também fatores externos que influenciam, como a sua casa e ambientes sociais.
Tanto quanto você quer se concentrar no futebol, você tem que tratar o jogador como uma pessoa inteira e considerar todos os fatores que influenciam, mas no final das contas você não pode mudar algumas dessas coisas e é a oportunidade que você dá para o jogador, para o qual ele deve assumir a responsabilidade de realizar”.

Plano de desenvolvimento pessoal
"Assim como muitos outros clubes, também trabalhamos com um plano de desenvolvimento pessoal. Durante a entrevista (introdução) inicial, especificamente olhamos para o que o jogador quer melhorar como objetivos, como melhorar o que (como um plano de ação), e quem vai facilitar e verificar o desenvolvimento (como um mentor). Este plano de desenvolvimento pessoal é continuamente documentado e verificado regularmente com negociação e acordo por ambas as partes”.
“Os jogadores têm a responsabilidade de cumprir o seu contrato (assim como o clube), mas um sentido de entendimento deve ser aplicado e, possivelmente, reconhecendo as diferenças pessoais e culturais que podem ter uma influência sobre os comportamentos dos jogadores e suas perspectivas. Carlos Salcido (México), por exemplo, teve dificuldades quando apresentamos e mostramos imagens de vídeo, e "Maza" Rodriguez, que também é do México, não se importava. Então pode ser cultural (social, religião ou geográfica) ou aspectos pessoais (família, socialização, ou apenas crenças pessoais). Eu poderia corrigir ou re-modelar o Douglas que joga no FC Twente (onde eu era treinador antes de estar no PSV) na frente do grupo, mas com os outros métodos não foram tão apropriados.
Finalmente, você precisa trabalhar com seus jogadores para compreendê-los, depois para compreender a si mesmo, e que em última análise, todos eles são diferentes e precisam ser tratados e orientados nesse sentido”.


 

Visão de jogo
"Pode ser bom ter uma visão estratégica, formação e abordagem para o jogo, mas você deve manter-se flexível para mudar e adaptar-se, dependendo do que acontece. Eu gosto de começar 1x4x3x3 como base, e isso funciona bem com a opção de mudar as coisas durante o decorrer do jogo com jogadores, como Jeremain Lens na ala direita, que é mais flexível do que um ala direito estático; também o Afellay (que foi transferido para o FC Barcelona) jogava nessa posição, mas de uma maneira diferente”.

Crítica: muito defensivo?
"Eu não leio tudo que está impresso nos jornais, mas o departamento de imprensa recolhe o que pode ser importante para mim. Eu tenho certo conceito na minha cabeça e eu fico com isso, mas às vezes pode ser necessário adaptá-lo um pouco. Acredito que você deve ficar com o conceito e em nenhum momento eu sou influenciado ou pressionado pelo que está escrito sobre mim.
Estamos sempre em desenvolvimento como equipe, assim como indivíduos que constituem a equipe, e no curso de uma temporada sempre haverá altos e baixos, mas eu afirmo que eu não entro em pânico por causa de quaisquer circunstâncias variáveis.
Em jogos em casa, eu gosto de tomar a iniciativa com uma abordagem positiva, e pretendemos ter a posse de bola 65 por cento de todos estes jogos. Apesar disso, também temos um bom time que pode criar um monte de chances jogando com a posse de bola, mas também pode atuar no contra-ataque.
Temos a equipe que marcou mais gols na Primeira Divisão da Holanda (Eredivisie), e isso diz muito, mas é claro que, mesmo com resultados mais expressivos, como o 10-0 contra o Feyenoord, mostra que temos a capacidade de jogar e criar chances, ambas com a maioria da posse de bola e também jogar no contra-ataque e marcar gols. Com outros resultados com menos gols ou então sem gols, temos que procurar áreas para treinar individualmente ou áreas que funcionaram como estratégia e formação tática”.

Preparação física
"Temos um número de jogadores que já havia jogado em competições diferentes, com os jogos no sábado e na quarta-feira e ainda éramos a equipe a ser batida na Holanda. Stanislav Manolev é um jogador que inicialmente tinha vários problemas na última temporada com a questão de transição de competições e equipes, e embora jogando constantemente antes da pausa do inverno, ele estava sofrendo de exaustão. Nesta temporada, mal temos jogadores lesionados, com a nossa equipe médica tendo calculado que a média de problemas desta ordem foi de 3,8 atletas ao longo da temporada. 

Em relação a Manolev, ele sofreu uma lesão de longa duração e que afetou nossa taxa de pontuação. A relação trabalho/descanso dos horários de treinamento é bem cautelosa no PSV, mas trabalhamos em ciclos de quatro semanas, e embora seja sempre um programa bem ativo, estamos sempre adaptáveis para adicionar outros aspectos de treinamento”.

Processo de seleção
"A comunicação é muito importante, especialmente dentro de um grupo grande, como uma equipe ou time. Os jogadores devem ser capazes de identificar-se com o PSV, de pertencer, fazer parte dele, e pronto para realmente 'mostrar', quando forem chamados. Há um caráter e uma cultura que é "total" desde um treinamento básico até o vestiário, e o clima se permeia através dessa capacidade condicionada e da atitude em campo. Ultimamente, os resultados e a equipe estão acima de qualquer indivíduo.
Os jogadores precisam exibir todos os atributos e habilidades, juntamente com a atitude moderada e determinação de uma ética de trabalho (taxa de) infinito, e então eles têm a chance de estar nos meus (melhores) onze. Infelizmente, existem alguns que não cumprem todos os critérios e eu tenho que decepcioná-los, mas eu não estou perturbado por isso, é meu trabalho”.

O canto psicológico
"Eu sempre opero uma política de ‘porta aberta’, e estou sempre disponível para qualquer jogador vir até mim e apresentar todos os problemas ou preocupações. Se um jogador está tendo adversidades em casa, por exemplo, seus filhos estão envolvidos, eu lhes permitiria ficar em casa – algumas coisas são mais importantes que talvez uma sessão de treinamento. Eu não me distancio ou me mostro indiferente com meus jogadores, pois trabalhar com pessoas é uma das minhas qualidades.
No caso de Jonathan Reis, eu tive que buscar assistência externa. Aspectos psicológicos da psicologia do esporte requerem conhecimento e aplicação especializados, mas têm provado ser uma ferramenta importante para os indivíduos e os casos de equipe”.


 
A temporada 2009-10 começou frutuosamente para Reis, quando ele marcou três gols na Primeira Divisão da Holanda (Eredivisie), quatro gols na Liga Europa, e outro na Copa da Holanda, apesar de ter apenas começado alguns jogos. Como recompensa, Fred Rutten oficialmente promoveu Reis para o plantel da equipe principal. Em 24 de janeiro de 2010, porém, seu contrato foi encerrado depois que ele testou positivo para uma substância proibida e, posteriormente, recusou a oferta do clube de ajuda para tratar a dependência de drogas.
Reis era (contratualmente e legalmente) proibido de assinar por outro clube e então realmente procurou ajuda. Ele fez o seu retorno ao PSV em 17 de julho de 2010, quando lhe foi oferecido um novo contrato no clube, o que significaria que ele ficaria no clube por um ano, com a opção de estender o contrato em um negócio de mais três anos. Ele marcou três vezes contra o Feyenoord em uma vitória por 10-0 em 24 de outubro de 2010, e marcou vários outros gols pelo PSV, antes de lesionar seriamente seu joelho contra o Roda JC em 19 de dezembro de 2010, que resultou em duas operações realizadas pelo famoso cirurgião Richard Steadman, nos EUA, antes de iniciar sua reabilitação de volta em Eindhoven.

Assistentes
"Espero que minha equipe seja capaz de dar uma sessão de treino de forma independente, mas depois, os comentários, análises, avaliações e decisões sobre jogadores individuais e da equipe são discutidos e compartilhados por completo. Isso envolve todos os aspectos das condições físicas, psicológicas e toda a habilidade técnica e valores táticos, e é a colaboração que produz as melhores avaliações e decisões, e também os resultados”.

Pressão
"Você deve manter o foco e trabalhar no processo de treinamento adequado em todos os momentos, defendendo seu caráter e sua filosofia para o desenvolvimento e sucesso do indivíduo e da equipe. Você não deve desanimar-se e hesitar se os resultados forem decepcionantes, nem ter medo de se adaptar ou mudar as coisas que você (ou a equipe) fazem, sendo flexível e experimental.
Você sempre sente a pressão em um clube de primeira linha que você tem que lidar, mesmo na loja oficial, você vai ter comentários sobre o desempenho e os resultados, especialmente se você perder. Eu trabalho no topo da competição holandesa, o que significa que você tem que lidar com a mídia o tempo todo, mas também com os torcedores, em pessoas na rua ou comentários e declarações em sites online ou várias outras formas de mídias sociais.
Tenho trabalhado no mais alto nível já há alguns anos, e sou, de certa forma, acostumado com isso. Por exemplo, do Schalke '04, eu ainda tenho boas lembranças sobre o meu tempo lá. O jeito que eu pude trabalhar lá foi fantástico, mas os resultados foram decepcionantes. O truque era manter o foco e elevar-se acima de tudo, acreditar em si mesmo e manter o seu caráter e a filosofia que se aplica ao seu trabalho e à sua vida”.

Fred Rutten


Clube como jogador profissional:
 
FC Twente (1980-1992)
Jogos pela seleção: 
1
Biografia:

Nome Completo:
Fredericus Jacobus Rutten
Data de nascimento:
5 Dezembro 1962
Local de nascimento:
Wijchen, Holanda
Clubes como treinador:
1993 - 1999 FC Twente (Assistente)
1999 - 2001 FC Twente (Treinador)
2002 - 2006 PSV (Assistente)
2006 - 2008 FC Twente (Treinador)
2008 - 2009 Schalke ‘04 (Treinador)
2009 - Present PSV (Treinador)


*Contribuição da revista Soccer Coaching International – www.soccercoachinginternational.com

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O esquema tático: estruturando a linha defensiva
Confira dinâmica que envolve a linha defensiva dentro do 1-4-4-2 em linha, com 3 atividades para desenvolver
O Modelo de Jogo, como sabemos, é o norte que orienta as ações dos jogadores nos diferentes momentos da partida.
Esse norte é balizado por inúmeras referências que se integram e se relacionam complexamente.
O esquema tático é uma das referências e não a única dentro do modelo.
Sendo uma das referências, o esquema não garante por si só a “ofensividade” ou a “defensividade” de uma equipe, ou seja, jogar com três atacantes não quer dizer que minha equipe é ofensiva, ou jogar com cinco na linha de defesa quer dizer que estou na retranca: tudo depende de como o esquema tático está se relacionando e sendo utilizando para o cumprimento do modelo e dos objetivos dentro do jogo!
Contudo, não podemos negar que essa referência é fundamental (Será? Podemos jogar sem um esquema tático?) para a estruturação do espaço do jogo e precisa ser desenvolvida no dia a dia de treino.
Para que o esquema seja treinado é preciso antes de tudo que ele seja definido, juntamente com o Modelo de Jogo da equipe.
Não vamos definir aqui todo o Modelo de Jogo e apresentar um processo completo para o desenvolvimento do esquema tático em especial.
Vou definir a dinâmica que envolve a linha defensiva dentro do 1-4-4-2 em linha e apresentar três atividades para o seu desenvolvimento.
Volto a destacar que dentro do 1-4-4-2 existem “n” possibilidades e vou explorar uma delas.
Pois bem!
Em meu Modelo de Jogo hipotético, pensando na “linha de 4” defensiva, minha equipe irá se comportar a partir de uma marcação zonal com a participação do goleiro como um elemento que fará a cobertura dos defensores.


Além disso, a linha defensiva terá como princípio operacional de defesa a recuperação da posse de bola nas laterais do campo e impedir progressão na região central, onde os jogadores devem direcionar a jogada para as laterais.


Quando a bola entrar nos corredores do campo, os laterais devem pressionar a bola e os demais jogadores da linha devem se movimentar a fim de criar uma linha de três jogadores atrás do atleta que realiza a pressão.

(Vejam que um Modelo de Jogo contém muito mais conteúdos, mas utilizarei apenas esses dentro da organização defensiva para fins didáticos)
Sendo assim, posso elaborar algumas atividades para desenvolver o jogar específico de minha linha defensiva.
Vale a pena destacar que essa linha não deve ser confundida com linha de impedimento, pois sua dinâmica não busca deixar o adversário nesta condição, mas sim neutralizar o ataque adversário.
Atividade 1

Descrição
- Atividade de 4 X 4 + Coringa , em que o objetivo das equipes é fazer o gol nos golzinhos adversários.

Regras e Pontuação
- Região central do campo: dois toques na bola.
- Gol nos golzinhos vale 1.

Atividade 2

Descrição
- Atividade de 4 + Goleiro + Coringa X 5 , em que o objetivo da defesa é recuperar a bola nas laterais do campo e fazer um passe para o coringa posicionado no meio-campo. O ataque deve fazer o gol.

Regras e Pontuação
- A linha defensiva não pode realizar desarmes na região central do campo, enquanto os jogadores do ataque só podem dar dois toques na bola nesse espaço. Dentro da área e nas laterais do campo é livre.
- Gol vale 3.
- Fazer o passe para o coringa vale 1.


Atividade 3

Descrição
- Atividade de 4 + Goleiro X 6.

Regras e Pontuação
- Defesa marca ponto quando recuperar a bola nas faixas laterais do campo (1 ponto) ou quando trocar cinco passes (1 ponto).
- Ataque marca ponto quando fizer o gol no gol oficial (3 pontos) ou nos golzinhos (1 ponto).