Metodologia de Trabalho

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Reflexões práticas: onde estamos e para onde vamos?
Confronto Barcelona x Santos não pode se perder ao longo do tempo; futebol brasileiro precisa evoluir e se organizar

Todo final de ano é marcado por grandes reflexões, então vamos refletir!
Este jogo em específico nos mostrou um fato, trouxe luz a uma questão que muitos não queriam e não conseguiam ver sobre o nosso futebol: não somos os melhores do mundo e nossos jogadores não resolvem individualmente os problemas do jogo!
Alguns podem concordar, outros não...
Mas o fato é que o Barcelona nos deu, como disse Neymar, uma aula de futebol.
Aula que nos mostrou – na verdade vem nos mostrando há muito tempo – que nosso futebol ainda está preso no paradigma cartesiano, onde as partes e sua soma são mais importantes que o todo complexo.
Na final do Mundial, vimos um choque de paradigmas, no qual de um lado os elementos se integravam, interagiam e formavam um todo complexo, já do outro as partes tentavam se sobressair ao todo do adversário e no fim vimos o resultado.
Depois do jogo vimos ainda que as respostas para a derrota ainda se focavam nas partes, onde o esquema tático foi a parte eleita como preponderante para a resultado...
E o restante do modelo de jogo?
Enquanto tentamos explicar a derrota da equipe santista através da utilização ou não de dois ou três zagueiros, uma revista espanhola apresentou um dossiê com os pontos fortes e fracos de todo o modelo de jogo do Santos.
Onde estamos, então?
Estamos em um momento de mudança, em que o mundo está nos mostrando que a qualidade individual é importante, mas já não resolve os problemas do jogo por si só.
Precisamos olhar o jogo com um olhar complexo! Precisamos aprender mais!
Não podemos deixar esse confronto entre Barcelona e Santos se perder ao longo do tempo, pois o resultado nos mostra que nosso futebol precisa evoluir e buscar uma nova forma de organização.
Não podemos mais jogar, nem treinar como há 20 anos!
E, vejam, o Barcelona há alguns anos não jogava desta maneira, nem formava jogadores como agora. Em determinado momento de sua história eles sentiram a necessidade de mudar e transformar o seu modo de jogar e como o processo de formação era elaborado.
Hoje eles colhem os frutos dessa mudança...
O que faremos, então?
Mudanças...
Para onde vamos?
Não sei. Espero que para frente, para um novo momento de nosso futebol...
Um momento nosso, onde nossa cultura de jogo se manifestará complexamente em nossas equipes. Onde o futebol bonito será nossa marca, mas sem copiar o Barcelona ou quem quer que seja, pois podemos, sim, ser novamente o número um do futebol, tanto na questão individual como coletiva como fomos um dia.
Mas infelizmente esse é um processo lento. Temos que lutar e fazer de tudo para contribuir com a evolução de nosso futebol.
O que podemos fazer?
Cada um terá suas respostas e poderemos refletir, ou não, neste final de ano.
Por fim, desejo um feliz Ano Novo, um ano novo cheio de sucesso!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O esquema tático: a linha ofensiva
As referências organizacionais que nortearão as ações da linha ofensiva nos diferentes momentos do jogo
Após abordar a estruturação da linha defensiva e da linha média,  “O esquema tático: estruturando a linha defensiva” e “O esquema tático: o losango da linha média” respectivamente, vou abordar agora a linha ofensiva. Com isso chegaremos ao fim da discussão sobre a estruturação do esquema tático de uma equipe hipotética, certo?
Errado, pois a discussão que iniciamos é apenas uma parte fractal de uma infinidade de conceitos. A ideia com cada uma dessas colunas, que inclusive já alertei, foi ilustrar como o esquema tático pode ser pensado e como podemos operacionalizar seu desenvolvimento na prática.
Além do mais, abordei esquemas particulares a partir de modelos hipotéticos; em outros momentos posso abordar novamente esses assuntos sobre uma nova perspectiva a fim de fomentar outro tipo de discussão.
Pois bem, vamos então para a linha ofensiva!
Há algum tempo ouvi um atacante de “ofício” falar sobre sua adaptação no futebol europeu. Logo do início de sua fala o atleta afirmou que o atacante lá fora tem que marcar e marcar muito, pois o mesmo era a primeira linha de marcação de sua equipe. O atleta completou dizendo que diferentemente do Brasil, onde o atacante só joga com bola, na Europa os atacantes têm seu papel definido nos diferentes momentos do jogo.
Essa discussão parece trivial, mas quero debater com vocês muito mais que marcar ou não marcar, pois a fala do atleta carrega muito mais que isso e nos leva a pensar de como nossa cultura nos faz tomar determinadas decisões e molda nossa percepção de mundo!
Voltemos nossa visão para a linha ofensiva...
Para mim era claro que todos os jogadores têm suas funções que se integram e formam o todo complexo. Se uma das partes, que no caso são os atacantes, não tem uma função definida nos diferentes momentos do jogo, o todo pode não atingir seu nível máximo potencial circunstancial e com isso posso acumular insucessos ao longo de todo o processo.
O primeiro passo, então, é definir as referências organizacionais que nortearão as ações da linha ofensiva nos diferentes momentos do jogo.
Como de praxe, vou ilustrar como isso pode ser feito através de um Modelo de Jogo hipotético.
No Modelo de Jogo de uma equipe hipotética, o treinador definiu que a equipe estruturaria sua linha ofensiva com dois jogadores. Na organização defensiva, tais atletas deveriam se posicionar em zona direcionando o portador da bola para as laterais do campo, onde o jogador do lado da bola deveria se preocupar prioritariamente com o passe na paralela e o atacante oposto deveria fechar as linhas de passe para a região central em progressão do campo.
 

 
Na transição ofensiva, os jogadores dessa linha participam do balanço dispostos em linha o mais aberto possível a fim de dificultar o balanço defensivo da equipe adversária. Imediatamente após a recuperação da posse de bola, ambos devem buscar dar profundidade à equipe criando linhas de passe em progressão de preferência nas costas de seus marcadores.


 
No momento ofensivo, os atletas dessa linha devem buscar criar espaços na linha defensiva a fim de facilitar a chegada ao gol adversário. Para isso, o jogador da linha da bola deve dar amplitude para a equipe, enquanto o jogador oposto à região da bola deve dar profundidade na região central, integrando-se a essa linha o meia oposto à região da bola é que dá amplitude à equipe pelo outro lado.


 
Na transição defensiva, os jogadores dessa linha devem atacar o portador da mesma imediatamente após a sua perda a fim de recuperá-la o mais rápido possível; se isso não ocorrer, os mesmos devem pelo menos temporizar a jogada.


 
Assim, definimos a forma como a linha ofensiva irá se comportar nos diferentes momentos do jogo.
Abaixo, elenco três atividades para o desenvolvimento desses conteúdos de meio Modelo de Jogo. Cada atividade busca desenvolver o comportamento específico dos atacantes nos quatro momentos do jogo concomitantemente. Claro que a ênfase existe e precisa ser observada também.
Atividade 1

Descrição
- Atividade de 2 X 2, onde o objetivo das equipes é fazer o gol nos golzinhos. Ambas as equipes deve proteger os gols na linha de fundo do campo e o golzinho na vertical no meio. Com isso, os jogadores sem bola devem fechar o meio e a paralela a fim de impedir a pontuação adversária.

Regras e Pontuação- Marca 1 ponto quando equipe fizer o gol nos golzinhos na linha de fundo.
- Marca 1 ponto se a equipe conseguir passar com a bola dominada por entre o golzinho do meio ou fizer um passe certo por dentro do mesmo.


 
Atividade 2

Descrição
- Atividade de 6 X 5 + Goleiro, onde o objetivo da equipe composta por seis jogadores sem bola é pressionar a equipe adversária tentando recuperar a bola nas laterais do campo e protegendo os golzinhos; com bola, o objetivo é fazer o gol.
A equipe composta por cinco jogadores, quando está sem bola, deve recuperar a posse de bola evitando a finalização adversária, e com bola deve manter a posse de preferência fazendo passes por entre os golzinhos adversários.
Regras e Pontuação
Equipe Azul- 1 ponto quando recuperar a bola nas laterais do campo.
- 3 pontos quando fizer o gol.

Equipe Amarela- 1 ponto quando fizer o gol nos golzinhos. 
- 2 pontos se trocar 10 passes


 
Atividade 3

Descrição
- Atividade de 11 X 11, quando a bola sair do jogo, em lateral, o goleiro da equipe que ficará com a posse de bola realizará a reposição, os mesmos devem buscar os atacantes do balanço ofensivo. Sem bola, os jogadores devem proteger os golzinhos também.

Regras e Pontuação- 1 ponto quando a equipe fizer um passe certo ou conduzir a bola por entre os golzinhos, tanto na vertical como na horizontal.
- 3 pontos se equipe fizer o gol.
- 5 pontos se equipe fizer o gol através da reposição de bola do goleiro.


 
Gostaria de deixar um desafio: peço que observem cada um das atividades das três colunas que compõem o esquema tático, analisem e vejam o que pode ser mudado e quais atividades podem vir antes ou depois de cada uma delas. Peço também que tente olhar para cada uma delas de uma maneira diferente, onde a lógica é o pano de fundo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Análise de Marcação Ofensiva
Espanha 2010 
Final da Copa do Mundo